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E por isso o dizem na Turba Philosophorum, que qualquer que seja a cor que vem após o negro é louvável, pois é o início da Obra.

—Michael Meiers, «Atalanta Fugiens»

Com quem vota cada um dos partidos? Que relações se podem extrair dos padrões de votação - e apenas das votações? Observar-se-á um resultado enquadrável nos conceitos de Esquerda e Direita ou, pelo contrário, emergem dimensões diferentes?

Nestas páginas iremos obter, processar e analisar todo o histórico de votações do período 2015-2021, aplicando um conjunto de métricas

  • A obtenção dos dados das votações realizadas com base nos dados abertos disponibilizados pela página oficial do Parlamento.

  • O tratamento dos dados de forma à criação de uma tabela consistente e mais facilmente analisável

  • A criação de diagramas e tabelas de agrupamento, matrizes de distância e afinidade e mapas bi e tridimensionais de posicionamento relativos dos partidos.

Um factor que define a metodologia utilizada é a utilização exclusiva dos dados das votações, e apenas esses dados; não é feita nenhuma valorização “manual” das votações, sendo que o resultado final é uma resposta a uma questão simples: qual a relação dos vários partidos tendo em conta não o seu programa, não as suas afirmações públicas, mas o seu comportamento concreto naquilo que define a sua actividade parlamentar - as votações.

A utilidade deste tipo de análise em ciência política é reconhecida [FdRJ+14] e tem sido aplicada a vários registos de votações; a análise presente tem como principal diferença o ser efectuado sobre as votações de partidos e não, como é mais comum na bibliografia consultada, a deputados individuais.

Um novo olhar sobre um momento único

Esta análise serve, também, para um olhar adicional a uma experiência governativa que, independentemente das opiniões sobre o seu mérito, foi inovadora em vários aspectos: a não formação de governo pela coligação mais votada e, sobretudo, a formação de um governo PS sustentado com apoio (variável, e também isso será interessante analisar com base nos dados) dos partidos à sua Esquerda foi uma ruptura assinalável com o que tinha sido a

Se a mera possibilidade desta solução (que passaria a ser comumente chamada de geringonça [Val]) foi posta em causa por vários sectores da sociedade (incluíndo orgãos de soberania), mais ainda divergiram os prognósticos em relação à sua durabilidade: dias ou meses para alguns, alguns anos para outros, até visões de prolongamento indefinido pelas décadas após as primeiras aprovações de orçamentos.

Este trabalho é uma actualização do anteriormente realizado, para um período de tempo menor, e que introduziu uma abordagem específica para a análise da proximidade, distância e suporte mútuo entre todos os grupos parlamentares e deputados independentes presentes na Assembleia da República.