12. Conclusão¶
… E assim vedes, meu Irmão, que as verdades que vos foram dadas no Grau de Neófito, e aquelas que vos foram dadas no Grau de Adepto Menor, são, ainda que opostas, a mesma verdade.
—Fernando Pessoa, «Eros e Psique»
Feita que está a análise das legislaturas e, dentro delas, dos vários anos, que conclusões podemos tirar? Ou, posto de outra forma, servem estes dados para confirmar ou refutar qualquer das narrativas existentes em torno da origem, percurso e (aparente) término da chamada «geringonça»?
Tanto os dados como as análises podems ser contributos para essa discussão, mas não são, por si só, respostas prontas-a-usar, dotadas de uma infalibilidade quase mística que muitas veze se associa às análises quantitativas.
Olhando para os MDS das duas legislaturas – que mostram as distâncias relativas entre todos os partidos com base nas suas votações – podemos ver tanto continuidades como quebras, e a valorização de cada uma delas será necessariamente dependente da utilização de critérios de apreciação política. Algumas das questões que se podem colocar om base numa leitura dos resultados:
O PS deslocou-se para a direita, ou foi o PSD que se deslocou para o centro?
O PS passa, por meras questões de distância métrica, a ser “de esquerda na XIII legislatura, e “de direita” na XIV? E se sim, qual a razão das diferentes respostas dos partidos que o suportavam à sua esquerda?
PCP, BE e PEV, com o passar dos anos e após o período inicial (ainda moldado pelo «governo da Troika») de maior convergência, foram aumentando as exigências em torno dos seus programas, ou foi o PS que após esse período voltou a aproximar-se do centro?
De que forma CDS-PP, IL e CH se relacionam, tendo em conta algumas das diferenças de ano para ano? E são os agrupamentos detectados um reflexo de convergência programática ou, por outro lado, um efeito do afastamento que todos têm dos partidos à esquerda?
Talvez uns mais que outros, ou provavelmente todos em graus diferentes.